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Editorial 193 - Outubro 2022


Editorial 193

Outubro, 2022.





Por Ieda Thomé.






Tanta coisa para comentar...

Outro dia vieram me perguntar se eu acredito que tenha gente passando fome. Claro que eu acredito! Eu mesma já passei fome. Sei muito bem o que é isto: você chegar em casa do trabalho, procurar na cozinha, nas panelas, nos armários e não ter nada para comer. Ir para a cama tentar dormir para passar a fome.


É horrível! Se sobrevive, mas o sofrimento é muito grande. Gera um desafio que alguns, com dignidade, buscam trabalhar mais e melhor para alcançar dias melhores. Outros, porém, vão buscar atalhos e acabam por se marginalizar. Conheci um casal com três filhos que viviam de forma regular. Ele trabalhava como porteiro num edifício em Copacabana e ela era técnica de enfermagem num hospital municipal. Moravam num apartamento no Centro do Rio.


Quando começou a pandemia, ela ficou doente e precisou se afastar das crianças e do trabalho. Ele saiu do trabalho para ficar com as crianças. Não tendo mais dinheiro para pagar o aluguel, acabaram sendo despejados. Ela não conseguiu voltar a trabalhar porque já não tinha comprovante de residência. Resultado: foram os dois transformados em moradores de rua. Pedintes. Quase não comiam, pois tudo que conseguiam arrecadar, davam para os filhos.


Hoje já não sei mais onde encontrá-los. Gostaria muito de ajudar de alguma forma. Imagino que estão passando fome.


Este é só um exemplo do que pode acontecer com pessoas de bem. Poderia ter acontecido comigo ou com você. São consequências de uma guerra. Tudo pode acontecer! Quem me dera pudesse ajudar todas essas pessoas que estão passando por situações semelhantes!


São muitos! Como não posso, só me resta fazer uma oração. Nem sei se tenho esse direito, mas faço assim mesmo, para que o mundo tenha paz, saúde e muito amor no coração!

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