Roberto Miguel de Barros Regina,
carioca, médico e praticamente autodidata em música, Roberto de Regina construiu seu primeiro cravo há cerca de 55 anos. Sua intenção era dar maior autenticidade à música de Bach, pela qual se apaixonou e se tornou um dos maiores especialistas brasileiros. Hoje, seus instrumentos construídos artesanalmente em seu sítio no Rio, tem fama
internacional, e são bastante disputados no mercado. Estudou Regência com Robert Shaw, e sua carreira de maestro já o levou a muito países. No Brasil fundou o Coral Bach, o Conjunto Roberto de Regina e a Camerata Antígua de Curitiba, da qual é titular há 47 anos. Cravista virtuoso e original, um dos maiores da atualidade, Roberto de Regina é também um dos mais persistentes pesquisadores e divulgadores da música renascentista e barroca.
Fotografias: Helcio Peynado.
Nascido em 1927, Roberto de Regina chegou em Guaratiba na década de 70 buscando a tranquilidade do bairro, que fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Após 21 anos, o maestro inaugurou, no local, a Capela Magdalena, um dos mais surpreendentes e refinados espaços do Rio de Janeiro, polo de arte, cultura e gastronomia e que vem desde o início da década de 90 atraindo um público sempre fiel não somente do Rio de Janeiro, como de outros estados e até mesmo de turistas estrangeiros que vivenciam um espaço voltado para arte e história. O artista recebe grupos para visitas guiadas ao museu e à capela durante toda a semana. Desde 1991, ele promove concertos com ambientação de época, seguidos de degustação de vinhos e pratos indianos e tailandeses.
Neste programa musical e gastronômico, o público é recebido por pajens trajados com roupas de época, que conduzem os visitantes. Depois, Roberto de Regina inicia o recital em seu cravo feito por ele, vestido com roupas do século XVIII. Uma visita está dividida em duas partes: a Capela Magdalena local onde Roberto de Regina apresenta seus concertos e o Museu Ronaldo J. Ribeiro com as réplicas de transporte, castelos e catedrais que somam mais de 500 peças. Um dos destaques são as duas cidades fictícias que o artista projetou que medem 4x2,5cm, onde trens e bondes circulam entre casas, teatros, cinemas e igrejas inspiradas em endereços famosos da Europa e as catedrais.
O cravista também é um artesão muito talentoso, toda a Capela foi pintada por ele, paredes e teto se fundem em uma beleza inenarrável. A maioria do acervo de catedrais de seu museu foi montada por ele próprio. Roberto também amplia o tamanho das igrejas e incrementa a peça com paisagismo e adornos que não fazem parte da peça original.
Os objetos expostos são impecavelmente idênticos aos originais e têm um valor histórico e cultural imenso, já que é possível passear por várias épocas e lugares dentro do museu. Hoje são mais de 500 peças entre catedrais e castelos e amanhã este número será outro pois no seu dia a dia Roberto se dedica a tocar e montar até mais de uma peça ao mesmo tempo, é a sua versatilidade, é a sua vida. Em 2017 Roberto de Regina lançou seu livro ROBERTO DE REGINA VIDA E OBRA ou MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MALÍCIAS, é um título duplo mesmo, o leitor escolhe o que achar melhor, uma biografia repleta de situações por ele vivida e dignas de serem lidas.
Este ano ele gravou e publicou no YouTube 16 concertos - Projeto Johann Sebastian Bach Concertos para cravo solo que ele apresentou a cada domingo, recomendo assistir. Sua história vai virar um documentário dirigido por Luiz Eduardo Ozório e produzido pela OZ Filmes e coproduzido pela Multphocus Filmes e Janeiro Filmes. “O CRAVISTA” será produzido em formato híbrido e as filmagens em Guaratiba acabaram de ser feitas.
O lançamento está previsto para 2023.
Em 21 de julho 2022 a Camerata Antígua de Curitiba, da qual é titular há 47 anos veio ao Rio de Janeiro e se apresentou na Sala Cecília Meireles em sua homenagem pelos seus 95 anos, foi uma linda noite cercada por admiradores deste cravista virtuoso e original, um dos maiores e mais persistente pesquisador e divulgador da música renascentista e barroca.
Em 2022 decidiu parar de se apresentar em palcos e o fez junto aos imortais da Academia Brasileira de Letras no dia 1 de setembro de 2022 abrindo Musica no Museu nas comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil. A TV Brasil e a Radio MEC gravaram o concerto do Roberto de Regina e a receptividade da mídia foi imensa, rádio, tv e jornais anunciaram este evento levando-o a lotação esgotada.
Hoje ele continua recebendo grupos para visita, concerto, almoço ou jantar e visita ao museu e toca lindamente sem partitura. Quando Roberto decide parar de tocar em palcos não está pensando nele, está preocupado com o trânsito de Guaratiba até o local onde iria tocar e com os quebra-molas que danificam seu cravo, não é por ele aos 95 anos, isto não é o máximo? Como o conheço muito bem, acredito que ele deve voltar atrás desta decisão pois ele gosta de tocar em igrejas, vamos aguardar.
Para maiores informações, os telefones da Capela Magdalena são: 99470-5431 e 2410 - 7183.
Por Malu Ravagnani
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